sábado, novembro 08, 2008

Apontamento

            A mim, me parece que o ‘pensamento ocidental’ é em sua mais profunda essência iconoclasta, criticamente analítico, e em certo sentido mesmo dialético (se tivermos por dialética a ‘lógica da discussão’, ou um modo de raciocinar através de uma abertura ao diálogo e de mutações de posições que vão sendo fragilizadas e reconstruídas no decorrer daquele), tal forma de construção de conhecimento assimila-se e mesmo necessita do que Kuhn afirma “revolução científica”. Estas revoluções seriam, neste sentido, o momento no qual em reposta a uma falha, uma antítese, do paradigma, a tese então vigente, forja-se, por vezes a ferro e fogo, novo e mais ‘completo’(completo em relação ao anterior e aos conhecimentos ‘acumulados’ até então, não em relação a uma verdade-em-si e última) que o anterior. É, portanto, possível definir a filosofia como sendo o meio que permitiu o que aqui chamamos ‘pensamento ocidental’ surgisse e se desenvolvesse e que possuem até uma relação de similitude. A filosofia seria assim o meio e o fundamento do pensamento ocidental, e o modo que possibilita sua estrutura específica com relação aos demais ‘sistemas’ de pensamento. Não busco com isso afirmar qualquer coisa como o melhor ou pior caráter ou do povo ocidental, inclusive por que, embora o ‘pensamento ocidental’ tenha sido dominante no ocidente em seus, digamos, melhores momentos ele não foi permanente, embora podemos dizer vitorioso (embora certos conceitos totalizantes que hoje muito em voga se encontram anunciem uma submersão do mesmo) no computo geral. Este modo de pensamento me parece melhor, pelos seus pressupostos (em especial o diálogo e tudo que a isto é subjacente) e pelas possibilidades de mutação que permite, frente a modos de pensar mais afinados a um respeito mais extremado de pontos de vista já postos.

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